domingo, 17 de julho de 2011

O mito e o hype da Modcultura


A expressão mod (que vem da abreviação de modernista) define uma subcultura que nasceu em Londres no final dos anos 50/começo dos 60 e conquistou muitos adeptos dada a sua influência que não se limitava apenas à moda, mas ia também das artes e da música ao lifestyle da época, que também ficou marcada como os swinging sixties. Os mods, como eram chamados os adeptos ao movimento, andavam de lambretas e vespas, eram amantes da alfaiataria e da temática futurista, garimpavam suas peças em lojas de departamento da King's Road ou da Carnaby Street como a Biba, Mary Quant e outras do gênero, usavam anfetaminas em discotecas e às vezes compravam briga com os rockers não só pelo conflito de estilos como pela imagem muitas vezes esnobe que eles passavam.

Assim como o punk, o indie e outras subculturas do underground, o mod também teve forte influência no cinema em filmes como o aclamado Quadrophenia (1979), nas artes e principalmente na música, se fazendo bem nítida no trabalho de bandas como The Who e The Kinks e no estilo dos Beatles em seus primeiros anos (apesar do som dos garotos de Liverpool não ser lá muito popular entre eles).
Dedicated Follower of Fashion, um tributo dos The Kinks ao mod lifestyle.

Fato é que acima de tudo, eles nutriam um gosto por tudo o que era novo e subversivo em termos de estética e comportamento. Na moda, a temática mod era definida como um tipo de culto hedonista ao hipercool, e enquanto os meninos se inspiravam em atores franceses da Nouvelle Vague como Jean-Paul Belmondo para compor seu estilo as meninas cultivavam um visual andrógino, adotando cabelos curtos e um make bem minimalista, mas quase sempre com cílios postiços, côncavos marcados e muito foco no olhar. Essa também foi a época em que Mary Quant lançou e popularizou a minissaia, tendência que levantou tabus e causou polêmica uma vez que batia de frente com os limites de tolerância e a imagem certinha de uma típica moça de família da época. Mas as adeptas do mod não se limitavam apenas a adotar minicomprimentos pra saírem causando bafão por aí, elas também amavam alfaiataria e shapes estruturadas aliadas a estampas gráficas e tons vibrantes. Era algo tipo o "girlie meets futurismo" da época, traduzido na imagem moderninha, impecável e ao mesmo tempo transgressora daquelas que eram consideradas as patricinhas do underground.

E quanto mais as mod girls iam se multiplicando, mais elas ganhavam a atenção da mídia e da cena fashion londrina e americana com seu estilo considerado ousado e fora dos padrões, que passou a ser adotado e difundido de forma mais comercial por várias tops icônicas e it girls da época como Jean Shrimpton, Edie Sedgwick e Twiggy.

Foi também em meio a essa cena enérgica que dominava Londres e começava a invadir a Europa e a América que a revolução do ready-to-wear em contraste com o glamour pouco acessível da haute couture ganhou espaço e onde estilistas de vanguarda como Pierre Cardin (quem nunca ouviu falar na lendária coleção Space Age?), Yves Saint Laurent, Paco Rabane, André Courrèges e vários outros se consagraram, não só por alimentarem a tendência iniciada pela subcultura como também por suas criações sempre bem inovadoras e dignas do status de ícone.

Ainda hoje estilistas conservam traços da subcultura em suas coleções e é possível ver, em algumas temporadas, várias referências sixties nos cortes, shapes e nas estampas gráficas e tons vibrantes que fazem das peças itens de desejo, com todo aquele frescor, energia e inovação de outrora que soam bem atuais mesmo nos dias de hoje. E de todo o legado que o mod nos deixou, aliás, a parte mais importante foi sem dúvida a influência: ela não só foi além dos limites de sua geração como também revolucionou os cursos da moda a longo prazo, inovando e abrindo caminhos numa cena fashion antes dominada pelas tendências da alta-costura parisiense e colocando a moda, antes vista como luxo para poucos, sob uma perspectiva dinâmica, democrática, acessível e com um olhar voltado para o futuro.

4 comentários:

  1. Lindo! Esse post ficou perfeito. Parabéns ao blog!

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  2. Que post mais lindo, genial e maravilhoso. Parabéns, Aline! Perfeito!

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  3. Eu tô meio que viciado nesse post, nesse vídeo. Perfeito! Parabéns.

    Twiggy malhando na arara não tem pra ninguém.

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  4. Twiggy malhando na arara é priceless UISAHDFIUHSDH. Thanks, seus lindos. <3

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